Destaques
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Altíssimo teor de vitamina C (até 13.700 mg/100g), especialmente na casca e polpa.
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Fonte rica de compostos bioativos: antocianinas, flavonoides, carotenoides, polifenóis e taninos.
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Forte atividade antioxidante correlacionada ao teor de ácido ascórbico e polifenóis.
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Efeitos funcionais comprovados: anti-inflamatório, imunomodulador, antidiabético, antiobesidade e hepatoprotetor.
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Potencial tecnológico e comercial: formulações com geleias, picolés, sucos, cápsulas, cookies e cosméticos.
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Subprodutos como casca e semente podem ser aproveitados com alto valor agregado.
Estudos com detalhes
1. Compostos bioativos na casca do camu-camu (Villanueva-Tiburcio et al., 2010)
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Objetivo: Quantificar antocianinas, ácido ascórbico e polifenóis totais na casca do camu-camu e avaliar sua atividade antioxidante em três estágios de maturação.
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Resultados-chave:
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Casca madura fresca: maior teor de antocianinas (46,42 mg/L).
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Casca seca pintona: maior conteúdo de ácido ascórbico (53,49 mg/g) e polifenóis (7,70 mg/g).
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Atividade antioxidante mais alta também na casca pintona seca, altamente correlacionada com vitamina C e polifenóis.
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Conclusão: A casca seca em estágio pintona é um excelente ingrediente funcional, especialmente pela estabilidade e alta concentração de compostos antioxidantes.
2. Atributos e formulações alimentares (Grigio, 2017 – Tese)
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Objetivo: Avaliar o perfil funcional do camu-camu e aplicá-lo na elaboração de alimentos como geleias e picolés.
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Resultados-chave:
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Elevado teor de vitamina C e presença de compostos fenólicos.
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Produtos formulados apresentaram boa estabilidade de compostos e alta aceitação sensorial (picolés em destaque).
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Conclusão: O camu-camu é viável para o desenvolvimento de produtos com apelo funcional e nutricional, ampliando sua aceitação e valor comercial.
3. Mudanças pós-colheita e ponto ideal de colheita (Grigio et al., 2021)
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Objetivo: Avaliar a variação de compostos bioativos e atividade antioxidante durante o armazenamento de frutos em diferentes estágios.
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Resultados-chave:
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Vitamina C: maior nos frutos imaturos no início do armazenamento.
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Antocianinas, flavonoides e carotenoides: mais abundantes nos frutos maduros.
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Atividade antioxidante FRAP: destaque para frutos semi-maturos; DPPH: melhor nos frutos maduros e imaturos.
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Conclusão: O ponto de colheita ideal depende do composto alvo — frutos maduros para pigmentos e antioxidantes; semi-maturos para melhor estabilidade funcional.
4. Revisão geral sobre o camu-camu e seus efeitos (García-Chacón et al., 2023)
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Objetivo: Compilar evidências sobre a composição e propriedades biofuncionais do camu-camu (polpa, casca e semente).
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Resultados-chave:
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Efeitos anti-hiperglicêmico, antiobesidade, anti-inflamatório, antioxidante, anticâncer, hepatoprotetor e antimicrobiano, comprovados in vitro e in vivo.
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Subprodutos têm alta concentração de compostos valiosos.
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Técnicas de microencapsulação preservam compostos durante o processamento.
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Conclusão: O camu-camu é um ingrediente altamente promissor para alimentos funcionais, com base científica sólida e aplicações diversas na bioeconomia.
5. Camu-camu como suplemento imunológico (Nascimento & Silva, 2021)
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Objetivo: Revisar os efeitos do camu-camu sobre a imunidade e doenças crônicas.
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Resultados-chave:
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Evidências de ação imunomoduladora, anti-inflamatória, antioxidante, antitumoral e antidiabética.
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Estudos clínicos mostraram redução de marcadores inflamatórios em fumantes e melhora do perfil metabólico em diabéticos.
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Conclusão: A fruta é um potente imunonutracêutico natural e deve ser considerada em estratégias de saúde preventiva e terapêutica.
Conclusão Geral
Os diferentes estudos científicos sobre o camu-camu confirmam seu status como uma das frutas mais promissoras da biodiversidade amazônica. Com concentrações excepcionais de vitamina C e uma diversidade de compostos fenólicos e antioxidantes, ele apresenta aplicações práticas como alimento funcional, suplemento natural e até ingrediente cosmético. Além de beneficiar a saúde humana, o aproveitamento integral do fruto pode fortalecer cadeias produtivas sustentáveis na Amazônia e impulsionar a bioeconomia local.
Título: Antocianinas, ácido ascórbico, polifenóis totais e atividade antioxidante na casca do camu-camu (Myrciaria dubia (H.B.K.) McVaugh) Autores: Juan Edson Villanueva-Tiburcio, Luis Alberto Condezo-Hoyos, Eduardo Ramírez Asquieri Publicado em: Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2010 (Suplemento 1, vol. 30, p. 151–160)
O camu-camu (Myrciaria dubia), fruta amazônica de elevado valor nutricional, é amplamente reconhecido por seu altíssimo teor de vitamina C (ácido ascórbico). Além disso, a casca da fruta também possui antocianinas e polifenóis, compostos fenólicos bioativos que têm demonstrado forte potencial antioxidante. Dada a crescente demanda por ingredientes naturais com propriedades funcionais e nutracêuticas, este estudo avaliou de forma sistemática o conteúdo de antocianinas, ácido ascórbico e polifenóis totais, assim como a atividade antioxidante da casca do camu-camu em diferentes estágios de maturação (verde, pintona e madura), tanto na forma fresca quanto seca.
Objetivos
Quantificar os teores de antocianinas, ácido ascórbico e polifenóis totais na casca fresca e seca do camu-camu em três estágios de maturação (verde, pintona e madura);
Avaliar a atividade antioxidante da casca seca contra três tipos de radicais: DPPH•, ABTS+ e peroxilo;
Correlacionar os níveis de ácido ascórbico e polifenóis com a atividade antioxidante.
Metodologia
1. A casca foi separada da fruta e submetida à secagem a vácuo (48 °C por 72h).
2. Os extratos foram obtidos em meio aquoso.
3. Os compostos foram quantificados por espectrofotometria:
· Antocianinas (método do pH diferencial);
· Ácido ascórbico (reação com diclorofenolindofenol);
· Polifenóis totais (método de azul da Prússia).
4. A atividade antioxidante foi avaliada por testes in vitro com radicais DPPH, ABTS+ e peroxilo, expressa como IC50 e equivalente de ácido ascórbico (AAE).
5. Análises estatísticas foram feitas por DIC com teste t de Student (p < 0,05).
Principais Resultados
1. Antocianinas
· Casca fresca madura apresentou o maior teor: 46,42 mg/L de cianidina-3-glucosídeo.
· Após secagem, não foram detectadas antocianinas — sugerindo degradação térmica e reações com ácido ascórbico e enzimas oxidativas.
2. Ácido ascórbico
· Casca fresca madura: 21,95 mg/g.
· Casca seca: 53,49 mg/g — o maior valor entre todas.
· A secagem concentrou o ácido ascórbico, exceto nas amostras maduras e verdes, onde se observou degradação.
3. Polifenóis totais
· Casca seca: 7,70 mg de ácido gálico/g — superior à madura (6,02 mg/g) e verde (5,95 mg/g).
· O conteúdo foi maior do que em outras fontes vegetais comuns como batata, beterraba, tomate e trevo vermelho, perdendo apenas para tomilho e alecrim.
4. Atividade Antioxidante (extratos aquosos da casca seca)
Contra radical DPPH:
· Maior eficiência na casca pintona: IC50 = 46,20 µg/mL;
· Forte correlação com os teores de ácido ascórbico (r = 0,999) e polifenóis (r = 0,999).
Contra ABTS+:
· Casca pintona novamente com melhor desempenho: IC50 = 20,25 µg/mL;
· Correlações: ácido ascórbico (r = 0,994), polifenóis (r = 0,993).
Contra radical peroxilo:
· Casca pintona: IC50 = 8,30 µg/mL;
· Correlações um pouco menores: ácido ascórbico (r = 0,926), polifenóis (r = 0,923), indicando ação de outros componentes antioxidantes além dos mensurados.
Conclusões
· A casca fresca madura contém mais antocianinas e ácido ascórbico, mas perde antocianinas após secagem.
· A casca seca pintona apresenta os maiores níveis de ácido ascórbico, polifenóis totais e atividade antioxidante.
· A atividade antioxidante foi altamente correlacionada ao conteúdo de ácido ascórbico e polifenóis, principalmente frente ao DPPH.
· A casca de camu-camu, especialmente no estágio pós secagem, é uma excelente fonte natural de compostos bioativos com potencial nutracêutico e funcional.
Referência:
VILLANUEVA-TIBURCIO, J. E.; CONDEZO-HOYOS, L. A.; ASQUIERI, E. R. Antocianinas, ácido ascórbico, polifenoles totales y actividad antioxidante, en la cáscara de camu-camu (Myrciaria dubia (H.B.K) McVaugh). Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 30, p. 151–160, maio 2010.
O trabalho intitulado "Atributos qualitativos e funcionais do camu-camu e elaboração de produtos com potencial funcional", de autoria de Maria Luiza Grigio, é uma tese de doutorado defendida em 2017 no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Universidade Federal de Roraima (Rede Bionorte).
A pesquisa tem como foco central o camu-camu (Myrciaria dubia), uma fruta amazônica altamente valorizada por seu elevado teor de vitamina C e potencial antioxidante. O estudo busca não apenas compreender os atributos físico-químicos e funcionais do fruto, mas também aplicar esse conhecimento no desenvolvimento de produtos alimentícios (como picolés e geleias) que agreguem valor à cadeia produtiva e promovam maior aceitação comercial e nutricional do camu-camu.
A tese tem como objetivo avaliar os atributos qualitativos e funcionais do camu-camu, e propor o desenvolvimento de produtos com potencial funcional a partir dessa fruta, especialmente geleias e picolés. Diante das exigências crescentes por alimentos saudáveis e funcionais, o trabalho justifica-se pela necessidade de estimular o consumo e a valorização do camu-camu, além de expandir o conhecimento sobre sua composição e aplicabilidade.
A pesquisa teve como principais etapas:
· Caracterização físico-química e funcional do camu-camu:
· Foram avaliadas propriedades como umidade, acidez, pH, sólidos solúveis, cinzas e teor de vitamina C.
· O fruto apresentou elevado teor de vitamina C, confirmando seu potencial como alimento funcional.
· Foram identificados compostos fenólicos com ação antioxidante significativa.
Comparação com outras frutas:
· O camu-camu foi comparado com outros frutos comumente consumidos para evidenciar sua superioridade em termos de atividade antioxidante e valor nutricional.
Elaboração de produtos funcionais:
· Foram desenvolvidos picolés e geleias com diferentes formulações à base de camu-camu.
· As formulações foram avaliadas sensorialmente e também quanto à estabilidade nutricional dos compostos bioativos.
· O camu-camu demonstrou boa estabilidade e aceitação sensorial quando incorporado aos produtos alimentícios.
Análise sensorial e aceitabilidade:
· Os produtos elaborados foram submetidos a testes com consumidores, com foco na aceitabilidade, sabor, textura e aparência.
· Os resultados indicaram boa aceitação, sobretudo para os picolés, apontando viabilidade comercial.
Conclusões principais:
· O camu-camu possui propriedades antioxidantes e nutricionais de destaque.
· Pode ser utilizado com sucesso na formulação de produtos alimentícios com potencial funcional.
· A pesquisa reforça a importância de se investir na divulgação, desenvolvimento tecnológico e agregação de valor ao camu-camu, com foco em sustentabilidade, saúde e fortalecimento das cadeias produtivas locais.
Referência:
GRIGIO, M. L. Atributos qualitativos e funcionais do camu-camu e elaboração de produtos com potencial funcional. Ufrr.br, 2017.
O artigo científico intitulado “Bioactive compounds in and antioxidant activity of camu-camu fruits harvested at different maturation stages during postharvest storage” foi publicado em 2021 na revista Acta Scientiarum. Agronomy. A pesquisa, liderada por Maria Luiza Grigio e colaboradores, investiga como os compostos bioativos e a atividade antioxidante do camu-camu (Myrciaria dubia) variam conforme o estágio de maturação no momento da colheita e durante o armazenamento pós-colheita.
O estudo fornece dados valiosos para determinar o melhor momento de colheita para obter o máximo de compostos funcionais, contribuindo para o aproveitamento tecnológico e nutricional desse fruto amazônico de alto valor funcional.
O artigo teve como objetivo avaliar o conteúdo de compostos bioativos e a atividade antioxidante de frutos de camu-camu colhidos em diferentes estádios de maturação (imaturo, semi-maturo e maduro) e armazenados por até oito dias.
Metodologia
1. Local de coleta: Lago Morena, Cantá (RR).
2. Classificação dos frutos:
· Imaturos: casca completamente verde.
· Semi-maturos: casca 50% verde e 50% roxa.
· Maturos: casca completamente roxa.
3. Armazenamento: 22 ± 2 °C e 70 ± 3% de umidade relativa.
4. Período de avaliação: 8 dias.
5. Parâmetros analisados diariamente:
· Vitamina C total.
· Carotenoides.
· Antocianinas.
· Flavonoides.
· Compostos fenólicos totais.
· Atividade antioxidante pelos métodos FRAP e DPPH.
Principais Resultados
1. Vitamina C:
· Teores mais altos foram detectados nos frutos imaturos no início do armazenamento, mas com rápida redução ao longo dos dias.
· Frutos maduros apresentaram valores estáveis e elevados nos dias finais.
2. Carotenoides:
· Mais elevados nos frutos maduros.
· Apresentaram redução significativa no decorrer do armazenamento.
3. Antocianinas:
· Maior concentração observada nos frutos maduros, com pico no 6º dia e posterior queda.
· A biossíntese continua ativa após a colheita.
4. Flavonoides:
· Também mais presentes nos frutos maduros, com aumento ao longo do tempo.
5. Compostos fenólicos totais:
· Teores mais altos em frutos maduros, seguidos dos semi-maturos.
· Esses compostos têm relação direta com a atividade antioxidante.
6. Atividade antioxidante:
· FRAP: mais intensa nos frutos semi-maturos, especialmente no 6º e 7º dias.
· DPPH: maior nos frutos maduros e semi-maturos, com destaque para os frutos imaturos a partir do 4º dia.
Análise Multivariada
A análise de componentes principais (PCA) revelou que:
· O primeiro componente (PC1) correlacionou-se fortemente com vitamina C, compostos fenólicos e DPPH.
· O segundo componente (PC2) esteve relacionado com flavonoides, FRAP, antocianinas e carotenoides.
· Os frutos semi-maturos e maduros, especialmente no 5º e 6º dias, apresentaram as maiores correlações com compostos bioativos e antioxidantes.
Conclusões
· Frutos maduros são os mais recomendados para a extração de pigmentos naturais e compostos antioxidantes como vitamina C, flavonoides, antocianinas e carotenoides.
· A atividade antioxidante (FRAP) foi maior nos frutos semi-maturos, o que sugere melhor vida útil pós-colheita nesse estágio.
· Frutos imaturos destacaram-se no DPPH ao longo do armazenamento, indicando potencial funcional mesmo antes da maturação completa.
· O camu-camu reafirma seu papel como alimento funcional, e o ponto ideal de colheita depende do composto desejado (ex: vitamina C, pigmentos, atividade antioxidante).
Referência:
GRIGIO, M. L. et al. Bioactive compounds in and antioxidant activity of camu-camu fruits harvested at different maturation stages during postharvest storage. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 43, p. e50997, 18 mar. 2021.
O artigo “Camu Camu (Myrciaria dubia (Kunth) McVaugh): An Amazonian Fruit with Biofunctional Properties–A Review” é uma revisão publicada em 2023 na revista ACS Omega, por Juliana María García-Chacón, Juan Camilo Marín-Loaiza e Coralia Osorio. O texto explora em profundidade a composição química (polpa, casca e sementes) do camu-camu, destacando seus principais compostos bioativos (vitamina C, polifenóis, carotenoides etc.) e investigando suas variadas propriedades biofuncionais comprovadas em estudos in vitro e in vivo, tais como atividade antioxidante, anti-hiperglicêmica, anti-hipertensiva, antiobesidade, anticâncer, hepatoprotetora, entre outras. A revisão também discute os fatores que influenciam essas concentrações – estágio de maturação, processamento, origem geográfica – e aponta o potencial do camu-camu na indústria de alimentos funcionais e no fortalecimento da bioeconomia amazônica.
Composição Química e Compostos Bioativos
O camu-camu contém:
· Altíssimos níveis de vitamina C, especialmente na casca e polpa.
· Polifenóis: flavonoides como quercetina, miricetina, catequina e antocianinas (ex: cianidina-3-O-glucosídeo).
· Carotenoides: luteína, β-caroteno, violaxantina.
· Taninos elágicos e proantocianidinas (predominantes nas sementes).
A composição varia conforme:
· Estágio de maturação: compostos aumentam até certo ponto e depois decaem.
· Origem geográfica, clima, solo e irrigação.
· Métodos de processamento: liofilização, spray drying, termossônica.
Propriedades Biofuncionais
1. Atividade antioxidante:
· Avaliada pelos métodos DPPH, ABTS e FRAP.
· Altos níveis atribuídos à combinação sinérgica de vitamina C e polifenóis.
· Maturação tende a aumentar a atividade antioxidante.
· Observada correlação direta entre conteúdo de compostos fenólicos e atividade antioxidante.
2. Ações benéficas à saúde (evidência in vitro e in vivo):
· Anti-hiperglicêmica: inibição das enzimas α-amilase e α-glicosidase.
· Anti-hipertensiva: inibição da enzima conversora de angiotensina (ECA).
· Antiobesidade: modulação de processos inflamatórios e oxidativos relacionados à adipogênese.
· Antimicrobiana: devido a compostos isolados da casca e semente (ex: acilfloroglucinóis).
· Anti-inflamatória e antioxidante: efeito protetor em modelos de estresse oxidativo cutâneo.
· Antitumoral e imunomoduladora: ativação de respostas imunológicas (ex: aumento da razão CD8+/FOXP3+).
· Hepatoprotetora e nefroprotetora: redução de toxicidade hepática e renal em ratos.
· Antimutagênica e antigenotóxica: prevenção de danos ao DNA em tecidos de animais.
3. Influência do Processamento
· Técnicas de microencapsulação (com maltodextrina, inulina, goma arábica) são eficientes para preservar compostos bioativos durante secagem.
· Temperatura e tipo de agente carreador impactam negativamente na retenção de compostos como vitamina C e antocianinas.
· Produtos como cookies, néctares, filmes com amido e suplementos mostraram aumento de estabilidade e bioatividade do camu-camu.
4. Subprodutos com Potencial
· Casca e sementes, muitas vezes descartadas, apresentam altos teores de compostos bioativos.
· Podem ser utilizados no desenvolvimento de alimentos funcionais, nutracêuticos e embalagens bioativas.
Contribuição para a Bioeconomia
· A valorização do camu-camu pode incentivar a produção sustentável e fortalecer a bioeconomia amazônica.
· O aproveitamento total do fruto (polpa, casca, sementes) gera produtos com alto valor agregado.
Conclusão Geral
O camu-camu é uma fruta altamente funcional com potencial comprovado para atuar na prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, graças à sua composição rica em antioxidantes naturais. A diversidade de compostos bioativos na fruta, especialmente nos subprodutos, a torna um recurso valioso para a indústria de alimentos funcionais. A revisão aponta que há espaço para novas tecnologias de processamento, melhor aproveitamento de subprodutos e estudos clínicos humanos, o que reforça seu papel na promoção da saúde e no desenvolvimento sustentável da região amazônica.
Referência:
GARCÍA-CHACÓN, J. M.; MARÍN-LOAIZA, J. C.; OSORIO, C. Camu Camu (Myrciaria dubia (Kunth) McVaugh): An Amazonian Fruit with Biofunctional Properties–A Review. ACS Omega, v. 8, n. 6, p. 5169–5183, 6 fev. 2023.
O artigo “CAMU-CAMU (Myrciaria dubia (HBK) McVaugh), a small Amazonian fruit rich in vitamin C and a supplement for immunity”, publicado na revista Research, Society and Development (v. 10, n. 6, 2021), é uma revisão científica conduzida por Ozanildo Vilaça do Nascimento e Emerson Lima Silva, da Universidade Federal do Amazonas.
A revisão apresenta uma análise aprofundada sobre o camu-camu como um alimento funcional com forte potencial antioxidante e anti-inflamatório, destacando-se por conter os mais altos níveis de vitamina C entre as frutas tropicais brasileiras. O texto explora os efeitos desse fruto em modelos animais e humanos, relacionando-o diretamente ao fortalecimento da imunidade, modulação de processos inflamatórios, além de suas aplicações nutricionais, terapêuticas e tecnológicas.
Introdução e Justificativa
O camu-camu é uma pequena fruta amazônica reconhecida por sua alta concentração de vitamina C, além de compostos bioativos como flavonoides, antocianinas, carotenoides e ácidos fenólicos. Esses componentes têm forte atuação contra estresse oxidativo, inflamações e doenças crônicas. A fruta e seus subprodutos (casca, polpa e semente) apresentam valor funcional, terapêutico e potencial para formulação de suplementos nutricionais.
Composição Nutricional e Bioativa
1. Vitaminas: C (em níveis de 2.000 a 13.700 mg/100g), A, niacina, riboflavina e tiamina.
2. Minerais: potássio, magnésio, cálcio, zinco, selênio, ferro e outros.
3. Aminoácidos: valina, leucina, serina, treonina, glutamato, entre outros.
4. Compostos bioativos:
· Polifenóis (quercetina, miricetina, ácido gálico, ácido elágico, catequinas).
· Flavonoides, antocianinas (cianidina-3-glicosídeo), carotenoides (luteína, β-caroteno).
· Fibras dietéticas solúveis e insolúveis.
Propriedades Funcionais e Benefícios à Saúde
O camu-camu atua em diferentes frentes terapêuticas:
· Antioxidante: Capta radicais livres e protege contra danos celulares.
· Anti-inflamatório: Regula a produção de citocinas pró-inflamatórias (ex.: TNF-α, IL-6) e ativa compostos anti-inflamatórios (ex.: IL-10).
· Imunomodulador: Aumenta a resistência a infecções e doenças virais, como evidenciado em estudos com camundongos e tilápias.
· Anti-obesidade e hipolipemiante: Redução de gordura corporal, colesterol total e triglicerídeos.
· Antidiabético: Reduz glicemia e melhora o metabolismo da glicose.
· Hepatoprotetor e nefroprotetor: Atua na proteção do fígado e rins contra danos oxidativos e inflamatórios.
· Antitumoral e antigenotóxico: Inibe a proliferação de células tumorais e protege o DNA.
Estudos In Vitro e In Vivo
Foram revisados diversos estudos realizados com animais e humanos:
· Ratos obesos e diabéticos: Redução do peso, glicemia, perfil lipídico e inflamação.
· Estudo com fumantes humanos: Redução de marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo após suplementação com suco de camu-camu, diferente do grupo que recebeu apenas cápsulas de vitamina C.
· Estudo com camu-camu e peixes (tilápias): Aumento da resposta imune.
· Suplementação em humanos saudáveis e diabéticos: Redução da circunferência abdominal, glicose e pressão arterial.
Estabilidade e Processamento
· A vitamina C é sensível à luz, oxigênio e calor. Para manter sua estabilidade, é indicado o armazenamento da polpa congelada ou liofilizada.
· Encapsulamento e proteção contra oxidação prolongam a vida útil e mantêm as propriedades bioativas.
· Produtos alimentares já desenvolvidos com camu-camu: sucos, iogurtes, cookies, geleias, doces, cereais e suplementos encapsulados.
Aplicações e Potencial Tecnológico
· A fruta e seus resíduos podem ser usados como ingredientes funcionais, nutracêuticos e fitoterápicos.
· Os compostos antioxidantes têm aplicação potencial em alimentos, fármacos e cosméticos.
· Não foram identificados efeitos adversos ou contraindicações relevantes ao consumo da fruta.
Considerações Finais
O camu-camu é considerado um potente imunonutracêutico, especialmente por seu altíssimo teor de vitamina C e pela presença de compostos bioativos com ação antioxidante e anti-inflamatória comprovada. A revisão defende sua incorporação em protocolos alimentares preventivos e terapêuticos, inclusive como suplemento natural na modulação da imunidade, controle de doenças crônicas e promoção da saúde. O uso integral da fruta — polpa, casca e sementes — também representa uma oportunidade para agregar valor à biodiversidade amazônica de forma sustentável.
Referência:
NASCIMENTO, O. V. DO; SILVA, E. L. CAMU-CAMU (Myrciaria dubia (HBK) McVaugh), a small Amazonian fruit rich in vitamin C and a supplement for immunity. Research, Society and Development, v. 10, n. 6, p. e27810615877, 30 maio 2021.
Referências completas com fonte e títulos originais
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Villanueva-Tiburcio, J. E.; Condezo-Hoyos, L. A.; Asquieri, E. R.
Antocianinas, ácido ascórbico, polifenoles totales y actividad antioxidante, en la cáscara de camu-camu (Myrciaria dubia (H.B.K) McVaugh).
Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 30, p. 151–160, 2010.
https://doi.org/10.1590/S0101-20612010000500023 -
Grigio, M. L.
Atributos qualitativos e funcionais do camu-camu e elaboração de produtos com potencial funcional.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Roraima, 2017.
https://repositorio.ufrr.br/handle/prefix/557 -
Grigio, M. L. et al.
Bioactive compounds in and antioxidant activity of camu-camu fruits harvested at different maturation stages during postharvest storage.
Acta Scientiarum. Agronomy, v. 43, p. e50997, 2021.
https://doi.org/10.4025/actasciagron.v43i1.50997 -
García-Chacón, J. M.; Marín-Loaiza, J. C.; Osorio, C.
Camu Camu (Myrciaria dubia (Kunth) McVaugh): An Amazonian Fruit with Biofunctional Properties – A Review.
ACS Omega, v. 8, n. 6, p. 5169–5183, 2023.
https://doi.org/10.1021/acsomega.2c06382 -
Nascimento, O. V. do; Silva, E. L.
CAMU-CAMU (Myrciaria dubia (HBK) McVaugh), a small Amazonian fruit rich in vitamin C and a supplement for immunity.
Research, Society and Development, v. 10, n. 6, 2021.
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i6.15877